A infância é a etapa da vida em que obtemos nosso conhecimento básico sobre o mundo que nos cerca. Amizade, moral, amor, obrigações e outros conceitos vão ganhando corpo a partir das experiências vividas nessa fase.
Infelizmente alguns eventos da infância podem ser tão difíceis de assimilar que deixam traumas dolorosos e cicatrizes. Assim como as feridas do corpo, as da alma são sensíveis e dão origem a medidas de autoproteção, retraimento ou negação.
Os sentimentos não resolvidos causados por esses eventos afetam a autoconfiança, as reações e comportamentos da pessoa adulta e podem prejudicar as relações no trabalho, com os amigos, na vida social, no casamento, na criação dos filhos, entre outros.
É natural, nessas situações, que surjam crenças limitadoras tal como a certeza de que nunca será amado ou poderá amar.
Alguns dos eventos mais comuns na infância e que trazem grandes perdas são brigas e separação dos pais, perda de entes queridos, acidentes graves, abandono pelos pais, surras, ofensas frequentes por pais ou responsáveis pela criança.
Às vezes, a própria pessoa que sofre o trauma não percebe que sua visão de mundo foi moldada pelo evento traumático, que também originou crenças e atitudes. A personalidade enfraquece e desmorona diante do peso de situações que para outras pessoas parecem comuns e pouco complicadas.
No casamento, por exemplo, podem aparecer ciúmes doentios, insegurança diante do outro, ou incapacidade de lidar de forma calma com divergências matrimoniais.
A boa notícia é que esses traumas podem ser superados, as crenças limitadoras podem ser elaboradas, e os comportamentos autodestrutivos e autossabotadores que elas inspiram podem ser abandonados. É possível fazer as pazes com o passado, perdoar as pessoas que lhe feriram, deixar de lado os ressentimentos e submeter seus receios à razão. Além disso, é possível aprender que os erros servem como material de instrução e construção da nova realidade.
Enfrentar um trauma de infância pode ser difícil, mas é melhor do que fingir que não existe, que não influencia sua vida, que não prejudica seu casamento e outras áreas de sua vida. É a velha estória de “varrer para debaixo do tapete”… Reconhecer os traumas é o primeiro passo para superá-los e conseguir adotar comportamentos emocionalmente mais saudáveis. Também é preciso trabalhar a autoconfiança que foi afetada, e reaver os aspectos positivos da própria personalidade que estiveram adormecidos.
Mais importante do que o que aconteceu com uma pessoa é o que ela faz com isso. Isso é o que define quem somos. Evitar a auto-vitimização é fundamental para não darmos ao problema tamanho ou poder maior do que os fatos justificam.
Rosa Silva
Terapeuta TFT e Palestrante
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