No nosso encontro passado falamos sobre a preferência de um filho sobre o outro. Hoje vamos falar de hierarquia. No dia a dia, os filhos aprendem, e penso que invertê-la tem trazido grandes males para a família. Por exemplo, quando os pais fazem todas as vontades dos filhos, colocando-se em posição inferior.
Muitos pais dão aos filhos coisas desnecessárias e o fazem com frequência. Isso cria no filho um senso de que eles são máquinas de doação. Aliado a isso, pais cada vez mais permissivos criam uma bomba que vai explodir no momento em que eles não puderam mais dar.
É fácil vermos crianças que não pedem, mas exigem. E se não são atendidas, usam do choro e do grito. O que mais me assusta é ver os pais cedendo.
Cheguei a ouvir uma filha esbravejar e dizer, “se você não comprar então não é mais meu pai”. Para meu espanto, ele cedeu. Esse tipo de pai (ou mãe) chamo de “pai caixa-eletrônico”. Não há entre cliente e caixa eletrônico a menor relação afetiva. Somente três elementos estão em jogo: o cartão, a quantia desejada e a senha. Nesse caso do pai e filha, estavam todos os elementos. O caixa eletrônico, representado pelo pai; a quantia desejada, e até a senha, que foi usada quando solicitada.
Pergunto: quando um caixa eletrônico tem danificado o seu sistema operacional e é incapaz de dispensar as notas, pra onde ele vai? Para um depósito, você poderia responder. E quando um pai caixa eletrônico deixa de dispensar as notas que vão suprir os pequenos ou grandes luxos dos filhos, para onde ele irá? Para um depósito também. Em sua maioria, um asilo.
Outro exemplo. O filho de uma cliente só se alimentava se ela colocasse a comida no prato. Se não estivesse servida, ele se recusava a comê-la. Isso a obrigava a estar sempre presente para servi-lo. Expliquei que estava havendo uma relação muito prejudicial e perigosa entre eles. Naquele momento, ela era como uma mucama, e ele o senhor. E o mais espantoso é que essa “criança” tinha 18 anos. Aconselhei a mudar o comportamento, mas foi em vão. Ela continuava servindo o filho. Não se colocou como alguém que também tinha necessidades, apenas como quem as supria. E quando não pôde mais cumprir esse papel e apresentou as suas necessidades, o filho a rejeitou.
Eu sei que muitos pais querem mostrar seu lado forte, mas isso traz consequências para a família no presente e no futuro. Filhos precisam aprender que os pais são seres humanos.
Então vemos pais abandonados em asilos e culpamos os filhos por esse abandono. Mas muitas vezes a culpa é dos próprios pais que inverteram a hierarquia, ou seja, não mostraram aos filhos a importância do respeito que mereciam e das obrigações que os filhos possuem para com os pais.
Existem outros fatores que podem levar os pais ao abandono na velhice, mas nesse momento não vamos discutir sobre isso.
Encerramos aqui uma série de artigos curtos sobre como preparar os filhos para a vida. No nosso próximo encontro falaremos um pouco sobre alguns traumas de infância e como lidar com eles. Então espero você aqui.
Caso tenha perdido os textos anteriores desta série, confira aqui:
Preparando os Filhos: Parte I, Parte II, Parte III, Parte IV , Parte V e Parte VI
Rosa Silva
Terapeuta TFT e Palestrante
www.vidaplenatododia.com.br