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Preparando os Filhos: Parte I, Parte II, Parte III, Parte IV e Parte V
No nosso encontro passado, falamos sobre a quebra de autoridade e suas consequências, e sobre a importância de os pais observarem se estão dando preferência a um filho sobre os outros, já que tal atitude pode gerar grande disputa e, mais que isso, gerar um sentimento de inferioridade no filho preterido.
Normalmente, existe uma afinidade natural entre algumas pessoas. Isso é próprio dos seres humanos, sejam eles parentes ou não; porém, alguns pais acabam transformando essa afinidade num campo de batalha entre irmãos.
Tive uma cliente que tinha clara preferência por um determinado filho. Isso era tão marcante que todas as vezes que ela ligava pra falar com os filhos, era apenas para o celular de um dos filhos, e, depois de conversar vários minutos, simplesmente dizia “manda um beijo para seu irmão”. Esse comportamento gerou vários problemas de relacionamento entre os irmãos – tanto dentro quanto fora de casa.
Ás vezes, o filho preterido cresce se perguntando o porquê da preferência dos pais pelo irmão, podendo procurar fora de casa o amor ou atenção que não recebe. Em casos mais extremos, o filho preterido pode torturar o irmão preferido de forma emocional, mental ou mesmo fisicamente. Essa tortura pode se dar como uma forma inconsciente de vingança.
Outras vezes, o filho preterido pode sentir necessidade extrema de superação, como tentativa de conquistar a atenção tão desejada do pai ou da mãe. Seja como for, essa atitude dos pais trará dificuldades para o bom relacionamento entre os filhos e poderá se estender a toda a família.
Os critérios de preferência podem se basear no filho mais velho, mais novo, mais frágil, mais bonito e por aí vai.
E, por favor, tire da sua vida a ideia de que é possível criar todos os filhos da mesma maneira. Alguns pais insistem em usar esse discurso e imaginam que ele é verdadeiro.
Os filhos nascem em épocas, anos e, às vezes, décadas diferentes. Somos combinações únicas de genes, e, mesmo os gêmeos são diferentes. Temos digitais diferentes, experiências emocionais diferentes, visões de vida diferentes. O que traumatiza um filho pode passar despercebido por outro. Enquanto um pode gostar de mais carinho e aconchego, o outro pode preferir afastamento; enquanto um pode ser falante, o outro pode ser calado; um destemido, e o outro tímido; um introvertido, e o outro extrovertido. Ainda assim, muitos pais mantêm o discurso do “criei meus filhos todos da mesma forma”. Esse é um dos maiores enganos que os pais continuam contando para eles mesmos.
Quando os pais têm como base esse discurso, podem levar os filhos a tratarem seus irmãos a partir da própria ótica, ou seja, um irmão não leva em conta o sentimento do outro irmão, mas apenas o seu próprio.
Também é preciso dar atenção à hierarquia, que, na minha opinião, é um dos pontos mais importantes do relacionamento em família. Mas esse é um assunto para o nosso próximo encontro. Então espero você aqui.