No nosso encontro passado falamos sobre como os cônjuges devem proceder nos conflitos entre seus filhos e o novo cônjuge. (Confira aqui)
Filhos vindos de outros casamentos têm costumes diferentes. Por isso, é preciso paciência para incorporar os novos hábitos comuns da família. Vá introduzindo lentamente e dando tempo para a assimilação. Crie as regras da boa convivência e deixe-as bem claras.
Tampouco tente “comprar” o filho do seu cônjuge dando todos os presentinhos que ele deseja, porque a criança vai perceber que você está querendo manipulá-la; por incrível que pareça, elas percebem! E pode até usar isso contra você. Ao perceber sua estratégia, brevemente, você terá um “anjinho” pedindo tudo o que vê na frente até que ela vire o jogo e você se torne refém da própria armadilha.
Use sempre o bom humor – nunca o deboche – quando surgirem cenas de ciúmes. A criança muitas vezes acha que você veio para tomar o lugar da mãe – ou pai dela – e, em alguns casos, pode pensar que você é concorrente dela mesma, e põe-se a disputar, com você, a atenção do seu cônjuge.
Uma coisa muito importante é nunca tirar a autoridade do pai ou da mãe da criança. Mas também você, como pai ou mãe, não pode deixar a criança desrespeitar o seu cônjuge. Eu tive uma cliente que passou por uma experiência, no mínimo, interessante. Quando o segundo marido repreendia o filho dela, ela dizia “não briguem, vocês dois”. Ela não percebia que, dizendo isso, estava colocando o cônjuge no mesmo nível do filho. Obviamente, tirava a autoridade dele e criava uma circunstância para que houvesse situação de desrespeito. É uma linha muito fina e muito sutil, mas crucial.
Outra coisa fundamental de um segundo casamento é evitar a rivalidade entre os meio irmãos. Essa rivalidade acarreta um problema muito sério para o casal. A tendência é começarmos a exigir muito mais dos nossos filhos do que dos filhos do nosso cônjuge. Aí seu filho lhe faz a pergunta mais difícil de ser respondida: “Por que eu preciso fazer isso e ele(a) não?”. E como explicar? Você pode levar seu filho a ficar muito magoado e criar um problema de relacionamento entre vocês.
Vejamos um exemplo: se você é mais esforçado que seu colega de trabalho, e o seu chefe dá uma promoção para ele e não para você, você vai olhar seu chefe como uma pessoa injusta. E vocês são dois adultos. Agora, imagine seu filho vendo você exigir dele uma coisa que não exige do filho do seu cônjuge? É como se você tivesse promovendo o filho do outro e não o seu próprio. Assim como você olharia o seu chefe, seu filho olhará você. O ajuste entre as crianças de um casamento “combo” é, muitas vezes, muito delicado. Há necessidade de um duplo diálogo; entre você e seu cônjuge, e entre você e o seu filho, para que as regras possam ser as mais claras e mais justas.
E muito cuidado com a quebra de autoridade. Porém esse é um assunto para o nosso próximo encontro. Então espero você aqui.
Rosa Silva
Terapeuta TFT e Palestrante
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