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Polícia Civil conclui inquérito e indicia 10 pessoas por falta de oxigênio no Lauro Reus
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A Polícia Civil concluiu nesta sexta-feira o inquérito com a investigação sobre os fatos ocorridos no Hospital Lauro Reus, quando houve seis óbitos por falta de oxigênio. A investigação concluiu (veja abaixo na íntegra) que houve falha da empresa fornecedora que na tarde anterior já sabia dos baixos níveis de oxigênio nos tanques e dos responsáveis pela manutenção do Hospital que não verificaram os níveis. Foram indiciadas seis funcionários do Hospital e dois da Air Liquide, todos por homicídio culposo (quando não há intenção de matar) e ainda outros dois funcionários da empresa fornecedora por falso testemunho. Confira abaixo a reprodução da nota distribuída a imprensa sobre o caso:
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Confira a transcrição na íntegra da conclusão de inquérito:
A Polícia Civil através da delegacia de polícia de Campo Bom concluiu na data de hoje o inquérito policial nº 272/2021/100930 o qual versa sobre os seis óbitos ocorridos na manhã de 19/3/2021 no hospital Lauro Reus na cidade de Campo Bom. Foi apurado durante as investigações, segundo perícias criminais, que não houve falhas no fornecimento de energia elétrica e na Central de oxigênio (tanque principal e baterias de reserva). O sistema de telemetria, segundo laudo de informática, enviou os dados do tanque criogênico para empresa com constância e regularidade.
Constatou que o oxigênio deste tanque acabou entre 7h25min e 7h53min do dia 19/3/2021. Esse tanque ficou sem oxigênio entre 1h52min e 2h25min. Pelos depoimentos de médicos e enfermeiros colheu-se que por volta das 7h30min os respiradores mecânicos dos pacientes que estavam internados na UTI e Emergência daquele nosocômio começaram a falhar sendo que foi adotado protocolo de catástrofe e os pacientes começaram a ser socorridos por Ambu (dispositivos de ventilação manual) e posteriormente esses equipamentos acoplados à cilindros de oxigênio.
As equipes médicas de enfermagem do Hospital, servidores do Samu, Pronto Atendimento e Servidores Administrativos deram apoio ao socorro. A falta de oxigênio na tubulação do hospital perdurou até às 8h30min. A retomada do fornecimento de oxigênio ocorreu com abertura da válvula de bloqueio da segunda bateria com a devida a regulagem da pressão para acionamento dos respiradores mecânicos e conexão dos pacientes que continuaram vivos.
Consequência da queda no fornecimento de oxigênio 6 pacientes vieram a óbito devido a insuficiência respiratória e hipóxia. Assim por todo apurado, conclui-se que o oxigênio líquido não foi entregue em tempo, eis que sua entrega foi programada para o final da manhã do dia 19 de março, não sendo justificado esse atraso. Na tarde de 18 de Março às 14h o nível do tanque criogênico já estava em 30% considerado nível crítico às 19h do dia 18/03 estavam em 20%. Em que pese a telemetria e as solicitações de abastecimento por parte dos funcionários do hospital foi mantida a programação de entrega.
A equipe de manutenção tinha ciência dos baixos níveis de oxigênio e do alto consumo sendo que ficou ciente que o reabastecimento estava programado para o final da manhã do dia 19/03. Não havia equipe de manutenção à noite para monitorar os níveis de oxigênio e funcionário capacitado para intervir em eventual situação de abrir a válvula de bloqueio da segunda bateria de reserva. Os servidores que deixam tal conhecimento não atuavam em tempo integral na Instituição com atividades em outras instituições de saúde. O funcionário que monitorava o nível de oxigênio às 7h da manhã não o fez no horário previsto. O plano de ação da casa de saúde não foi implementado, as equipes médicas e de enfermagem não foram informadas dos baixos níveis de oxigênio e não tiveram condições de se preparar para o evento. O painel de alarme (sonoro e luminoso) que avisaria sobre a queda de pressão na rede e mudança para o fornecimento de gás medicinal gasoso pelo que consta em depoimentos colhidos não teria operado.
Em razão das várias negligências encontradas as quais contribuíram para a falta de fornecimento no sigilo da tubulação tanto pela diretoria do hospital Lauro Reus quanto para equipe de manutenção ouvir o indiciamento de seis pessoas ligadas à casa de saúde por homicídio culposo em concurso formal (Artigo 121, parágrafos 3º e 4º combinado com o artigo 70 do CPB).Foram iniciadas também quatro pessoas ligadas a empresa fornecedora de oxigênio 2 pela mesma capitalismo capitulação acima o responsável pela programação da entrega de oxigênio líquido e um representante comercial que segundo se apurou poderia ter providenciado abastecimento emergencial ainda no dia 18/3 ou na madrugada do dia 19/3. outros dois funcionários da empresa são indiciados por falso testemunho ( Artigo 342 do CPB). A Polícia Civil por questões legais não divulga nomes e imagens.