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Operação do Denarc desmantela quadrilha que tinha tele entrega de drogas e lavava o dinheiro em rede de barbearias
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A Polícia Civil por meio da 3a DIN/DENARC, na manhã desta quinta-feira, após investigação de 1 ano e meio, deflagrou a operação El Patron, com o objetivo de desarticular uma organização criminosa ligada ao grupo oriundo no Vale dos Sinos e que domina a maior tele-entrega de entorpecentes de Porto Alegre e do litoral norte gaúcho. Cerca de 300 policiais civis cumprem 200 ordens judiciais em Porto Alegre, região metropolitana , litoral norte gaúcho e na cidade do Rio de Janeiro.
São 55 mandados de busca e apreensão domiciliar, 1 busca e apreensão em uma casa prisional gaúcha, além de 18 ordens de prisão prisões preventivas e temporárias, dezenas de bloqueios de contas bancárias e quebras de sigilo bancário e fiscal e sequestro de alto patrimônio móvel e imóvel oriundo do crime organizado.
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Inicio da investigação:
Segundo o Delegado Gabriel Borges, o trabalho iniciou após uma prisão em flagrante realizada no final do ano de 2022. O homem preso em flagrante fazia parte de um grande e complexo esquema de entrega de entorpecentes de alta qualidade destinados a pessoas com alto poder aquisitivo. Na ocasião da prisão o indivíduo foi localizado com centenas de porções de entorpecentes que estavam sendo distribuídas a clientes em Porto Alegre e no litoral norte gaúcho.
A partir das análises dos elementos investigativos colhidos e da utilização de ferramentas tecnológicas de investigação foi possível constatar um grande esquema de tele-entrega de entorpecentes, considerado, pelo volume e pela lucratividade, como o maior em atuação em Porto Alegre e no litoral norte do estado.
Apurou-se que o grupo possuía ao menos 20 entregadores atuando 24 horas por dia, distribuindo drogas a clientes fixos com alto poder aquisitivo em Porto Alegre, cidades da região metropolitana e principalmente no litoral norte, nas cidades de Torres, Capão da Canoa e Tramandaí. A organização de atuação era grande, uma vez que as vendas funcionavam mediante escala de serviço dos entregadores, de modo a evitar a descontinuidade das vendas.
Havia um controle de qualidade das drogas vendidas, sendo adquiridas de fornecedores do Vale dos Sinos também integrantes da facção, bem como havia controle das vendas apenas a clientes selecionados e admitidos mediante conhecimento das lideranças. Destaca-se que partes dos entorpecentes vendidos eram oriundos do Estado de Santa Catarina, indicando também o caráter de tráfico interestadual de drogas. As vendas era feitas mediante a inserção em grupos em redes sociais e os entregadores levavam os entorpecentes até os compradores.
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Da liderança do grupo criminoso:
No início do trabalho investigativo o líder desse grupo criminoso encontrava-se dentro do sistema prisional, o que não impedia toda a sua coordenação nas atividades ilícitas. Em meio ao trabalho investigativo o investigado recebeu um benefício prisional e saiu do sistema prisional, não retornando mais quando solicitado, passando a constar na condição de foragido.
O trabalho investigativo logrou êxito em identificar que o líder estava foragido na zona sul da cidade do Rio de Janeiro, precisamente levando uma vida de alto luxo na praia da Barra da Tijuca, tudo financiado pelo tráfico de drogas.
Na véspera da deflagração da operação policial a equipe de investigação da 3 DIN do Denarc deslocou até a capital carioca para tentar localizar o líder, recebendo apoio do DRE da PC/RJ. O homem foi localizado e preso em área de luxo na praia carioca, almoçando em restaurante na beira da praia, junto de sua namorada. O padrão de vida mensal da liderança na capital carioca girava entre 50 a 100 mil reais. Após a sua prisão o líder foi trazido ao Estado do Rio Grande do Sul para responder criminalmente pelos seus delitos.
Do complexo esquema de lavagem de dinheiro:
A magnitude da atividade de narcotraficancia desempenhada pelo grupo era enorme, gerando milhões de reais oriundo da venda de drogas. Durante o período de investigação foi verifica uma movimentação financeira de pelo menos 20 milhões de reais, sendo apenas os valores oriundos do litoral norte aproximadamente meio milhão de reais por mês.
Para mascarar e ocultar a origem desse patrimônio ilícito o grupo utilizava de uma empresa de fachada constituída sob uma pessoa jurídica de locação de veículos, bem como por meio de laranjas com renda totalmente incompatível com aquilo que é declarado.
A partir do ingresso dos valores nesses dois entrepostos eles eram direcionados a empresários, que por consequência injetavam esses valores em contas bancárias de uma conhecida rede de barbearias de Porto Alegre. Os três proprietários dessas barbearias responsáveis por movimentações milionárias também são alvos da operação. Um deles foi preso em Copacabana enquanto gerenciava a unidade da empresa com sede na cidade do Rio de Janeiro.
Todas as barbearias também estão sendo objeto de mandado de busca e apreensão, de modo a materializar ainda mais as atividades ilícitas e a mescla do patrimônio lícito com aquilo que é oriundo do tráfico de drogas. Preliminarmente o Poder Judiciário já determinou o sequestro de aproximadamente 5 milhões de reais em patrimônio do crime organizado, com a indisponibilidade de 2 imóveis de alto padrão e 26 veículos de luxo.
O Delegado Gabriel Borges destaca que “esse é um trabalho fruto de uma investigação muito técnica que seguiu de forma detalhada o rastro do dinheiro ilícito, possibilitando tesponsabilizar criminalmente pessoas que se acham acima da lei”.
O Delegado Alencar Carraro, Diretor de Investigações do Narcotráfico destaca que “O DENARC conduz seus trabalhos investigativos sempre direcionando suas ferramentas tecnológicas para identificar, delimitar e mapear complexos esquemas de lavagem de dinheiro, responsabilizando criminalmente as grandes lideranças do crime organizado e retirando e enfraquecendo o patrimônio das facções.
O Delegado Carlos Wendt, Diretor-Geral do DENARC, destaca que “a operação de hoje reforça a diretriz da Polícia Civil em combater os grupos criminosos com atuação no Estado do Rio Grande do Sul, mantendo a tendência de queda nos índices de criminalidade no estado.
A ação integra a estratégia da Polícia Civil de descapitalizar o crime organizado e responsabilizar criminalmente as grandes lideranças. O trabalho investigativo prossegue com diligências de monitoramento para verificar os desdobramentos do grupo criminoso.