Notícias
Operação da Polícia Civil desmantela estrutura de facção que movimentava mais de R$ 100 milhões
Autor:
A Polícia Civil, por intermédio da 3ª Delegacia de Investigações do Narcotráfico e da Delegacia de Repressão à Lavagem de Dinheiro do Departamento Estadual de Investigações do Narcotráfico (Denarc), na manhã desta segunda-feira deflagrou a Operação Consortium, em três Estados Brasileiros, com a finalidade de desmantelar organização criminosa voltada ao tráfico de drogas e lavagem de dinheiro.
A Operação teve apoio da Secretaria de Operações Integradas/SEOPI/Ministério da Justiça e Segurança Pública, no âmbito do Projeto Mosaico, DPM, DPI, Deic, GIE, CORE, Susepe, Brigada Militar, além das Polícias Civis de Santa Catarina e Paraná. Ordens judiciais foram cumpridas nas cidades de Porto Alegre, Gravataí, Cachoeirinha, Esteio, Estância Velha, Novo Hamburgo, Tramandaí, Osório, Charqueadas, Viamão, Canoas, Soledade, Pelotas, Passo Fundo e Cruz Alta, além dos Estados de SC e PR.
O total de medidas cautelares investigativas durante dois anos de investigação e executadas no dia de hoje chega a 375, dentre quebras bancárias, fiscais, financeiras, telemáticas, extração de dados telefônicos, mandados de busca, prisões temporárias, preventivas, bloqueio de contas bancárias e valores mobiliários, indisponibilidades de imóveis, veículos, apreensão de valores em espécie e carros de luxo. O total movimentado pelos dois Núcleos Criminosos pode chegar a 104 milhões de reais, com 93 investigados. Estão sendo sequestrados/indisponibilizados imóveis, veículos, contas bancárias, ativos na bolsa de valores, dinheiro em espécie, que podem chegar a R$ 5 milhões de reais.
Leia também:
Final de semana de muito calor em Campo Bom
Brigada Militar de Campo Bom tem novo comandante
Brasil recebe primeiro lote de vacinas bivalentes contra covid-19
Mais linhas e passagem integrada: novidades no transporte público de Campo Bom
O núcleo identificado na Lavagem de Capitais, após meses de análises bancárias, financeiras, fiscais, telemáticas, extração de dados telefônicos e diligências externas, concluiu que os traficantes, com atuação a nível de atacado, atuavam em várias cidades do RS, com conexões também em Santa Catarina e Paraná na parte logística e lavagem de capitais.
No sistema financeiro, utilizavam técnicas de dissimulação para burlar fiscalizações contábeis e rastreios dos ativos, mediante smurfing e fracionamentos, seguidos de pulverização entre gerentes financeiros e laranjas. Eles utilizavam muitos cheques para pagamentos e descontos com outro operador financeiro de vulto da quadrilha, um empresário identificado também na Operação Erga Omnes, atualmente preso. Os pagamentos ao empresário/operador financeiro eram feitos por laranjas dos traficantes, bem como em alguns casos diretamente por eles.
Na modalidade ocultação de veículos de luxo, usavam laranjas para mascarar a propriedade real, bem como constante moeda de troca entre os membros. Um alvo gaúcho, morador de Santa Catarina, recentemente preso, teve em sua posse aproximadamente 1,8 milhões de reais destes carros, suspeito de ser o mediador com atacadistas, bem como usava técnicas de burla no sistema bancário para pagamentos aos demais alvos.
A investigação apurou ainda a posse de carros de luxo como Porsches, bem como lanchas, com uso de cadeia de procurações, dissimulando a real propriedade de bens. Um dos líderes ainda ensinava outros comparsas a como “lavar dinheiro”, captados nas interceptações telemáticas.
Comprovou-se ainda a alta especialização da quadrilha, pois lançam mão de laranjas e operadores em sua maioria sem antecedentes e usando comerciantes, empresários, além de parentes próximos. Nas empresas reais e algumas de fachada, mesclavam ilícitos para conta de passagem, gerando confusão patrimonial proposital no fluxo de valores com suas pessoas físicas, com finalidade de ocultação, bem como dissimulavam nos contratos sociais alguns funcionários como sócios, para o empresário/operador financeiro também utilizar a conta bancária destes para o branqueamento.
Todos esses valores eram oriundos do dinheiro obtido com o tráfico de drogas. O grupo criminoso desarticulado é o responsável pelo maior esquema logístico de distribuição de maconha do Rio Grande do Sul, transportando de 2 a 3 toneladas de maconha por quinzena de países produtores à região metropolitana de Porto Alegre, para depois distribuir aos compradores que adquirem seus percentuais previamente mediante consórcio entre os membros.
Segundo o delegado Adriano Nonnenmacher, é mais uma investigação a demonstrar que o narcotráfico está se utilizando de vários segmentos da sociedade, com recrutamento de empresários, pessoas sem antecedentes, bem como agindo com discrição, criando uma rede complexa de lavagem de capitais.
Para o delegado Gabriel Borges, o trabalho integrado entre as delegacias do departamento possibilitou, ao mesmo tempo, desmantelar o esquema de transporte de drogas e lavagem de dinheiro.
Já o Diretor de Investigações do Denarc, delegado Alencar Carraro, ressaltou que esta é mais uma ação direcionada a grandes operadores de facção sediada na grande Porto Alegre, com abrangência interestadual, responsáveis pela compra e distribuição em larga escala de drogas no Estado.