Lá pelos anos 70, tio Dino que sempre teve um espírito empreendedor, resolveu aplicar os lucros amealhados da venda de uma pequena quantidade de gado 30 mil cabeças e montou uma empresa aérea, Morungava Air, uma frota com apenas dois aviões que realizavam vôos entre duas grandes cidades, Morungava é óbvio à Nova Iorque.
Visando valorizar o pessoal de Morungava toda a equipe de bordo foi treinada pelo próprio comandante Arcedino Vieira Nunes; “Comandante Dino”. Num dos aviões tio Dino e Anselmo e as aeromoças, tia Miúda e dona Nóquinha. Visando incrementar os serviços, além do tapete verde para a entrada dos passageiros no avião, tio Dino fez uma cozinha dentro da aeronave. Para vôos mais longos tia Miúda servia carreteiro de charque, e lanches com pão com nata e chimia, salame e biju.
Pois num dos vôos até São Paulo saindo de Morungava , o piloto gaúcho Arcedino “tio Dino”, liga o microfone e começa a falar com os passageiros: “Bueno indiada, aqui é o Piloto, comandante Dino, guasca tropeiro parido com muito orgulho em Morungava. Deixei meu cavalo pra ter a satisfação de acompanhar as senhoras e os senhores nessa bagaça que é o vôo 433 da Morungava Air, com destino a São Paulo e escala em Florianópolis, quintal de minha querência o meu Rio Grande amado. Neste exato momento tamu vuando a 9 mil metro de altura, sacudindo as melena, velocidadezita de 860 Km/hora, e jatemu sobrevoando a cidade de… OHHHHHHHPAAA!!! BARRRRRBARIDADE!!! DEEEEEUZULIVREEE, COMO FOI ACONTECER ISSO !!! PATRÃO VELHO, QUE FURADAAAA TCHÊ..!”; grita o comandante Dino em tom nervoso. E os passageiros escutam aqueles gritos pavorosos, seguido de um barulho infernal… – NÃÃÃÃOOOOOOO….!!!!!!
Segundos depois, o comandante Dino pega o microfone e, rindo, meio sem graça, se desculpa: “Bah me desculpem xiruzada, pelo “esparramo” aki na cabine, mas é que me descuidei e me escapou da mão a cuia do meu chimarrão, que caiu bem encima da minha bombacha nova, sacumé, água meio quente.. e tal, me queimou !!!! Vocês precisam ver como é que ficou a parte da frente da minha bombacha tchê!!!”, observa o comandante Dino. Nisso grita um lacaio lá do fundo do avião, provavelmente um paulista . . .
“Gaúcho safado e você precisa ver como ficou a parte de trás da minha calças!!!” reclamou o passageiro.
*A Morungava Air funcionou até o inicio dos anos 80 e depois a empresa foi comprada por uma tal de American Airlines.
Tem que ter concurso – 100% Morungava
Jair Wingert – jornalista