A cena vem se repetindo por várias vezes: pessoas com pouco conhecimento em mecânica automotiva param para abastecer num determinado posto de gasolina na entrada da cidade. Segundos os relatos coletados em processos, os funcionários do posto, orientados para agir assim, induzem os motoristas a realizar serviços, em sua maioria desnecessários e com preço acima do valor de mercado. Ao final do serviço é apresentada uma conta, que se aproxima dos R$ 1000.
Várias pessoas aqui em Campo Bom já foram vítimas desse golpe, aqui na cidade e em outras da região, em postos da mesma rede. Algumas inclusive buscam via judicial a devolução dos valores cobrados a mais e indenizações. Os relatos são sempre muito parecidos, enquanto o veículo é abastecido, um funcionário realiza o que seria uma cortesia comum a todos os postos, a verificação dos níveis de água e óleo. Porém aí começa a fraude, o primeiro passo é dizer ao motorista que o óleo do motor está em más condições e em pouca quantidade, o que poderia comprometer o motor do veículo a qualquer momento. Neste momento os funcionários do posto verificam qual o nível de experiência do condutor, de acordo com a sua resposta.
De acordo com a primeira resposta, o motorista passa ser induzido a colocar uma série de produtos, que não precisaria substituir ou colocar, e ainda por cima, segundo depoimento de um ex-funcionário em processo que tramita junto ao foro de Campo Bom, em quantidades acima do limite estabelecido pelo fabricante do veículo, o que poderia comprometer assim o seu funcionamento.
Em seu depoimento, esse ex-funcionário relata um caso que caracteriza a má fé dos frentistas: ” Já presenciei casos que foram colocados 12 ou 13 frascos de aditivos na gasolina, quando o correto seria colocar somente um. Não presenciei, mas ouvi colegas falando sobre um caso em que teriam sido colocados 22.”
Em outro processo que tramita no mesmo foro, uma mulher, que possui habilitação há mais de dez anos, tinha receio de dirigir. Ela foi ao posto abastecer um veículo recém adquirido e acabou sendo induzida a substituir o óleo da direção hidráulica, sendo ao final apresentada uma conta de R$ 646. Posterior, procurou um mecânico de confiança que realizaria o mesmo serviço por R$ 80.
Uma das pessoas lesadas relata que foi induzida a assinar uma ordem de serviço, que acabou sendo usada no processo como prova de que “estaria ciente” do serviço realizado. Outra vítima relatou que voltou no dia seguinte para exigir a nota fiscal, já pensando em entrar com o processo, e também foi induzida a assinar a ordem de serviço.
Há vários exemplos que poderiam ser aqui citados, os descritos aqui estão disponíveis para consultas no site do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul, no link acompanhamento judicial pela razão social Abastecedora de Combustíveis Union . Resta a orientação de sempre que for realizar um serviço, em posto de combustível ou outro estabelecimento qualquer ( a maioria é de boa fé) questionar antes o custo do mesmo para evitar ao final um desagradável surpresa.