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Confira como foi a investigação que terminou na maior operação da história da Polícia Civil

No final da manhã desta terça-feira a Polícia Civil divulgou detalhes sobre a Operação Kraken, que teve como objetivo atingir a maior facção de tráfico de drogas do Rio Grande do Sul.  Policiais civis da 1ª Delegacia de Sapucaia do Sul, coordenados pelo Delegado Gabriel Borges e pelo Delegado Regional Mario Souza, após 1 ano e meio de investigações, identificaram o maior esquema de lavagem de dinheiro do crime organizado gaúcho.

Valores obtidos a partir do tráfico de drogas e crimes patrimoniais (roubos, latrocínios etc.) eram maquiados e investidos de forma empresarial por facção gaúcha que atua no Rio Grande do Sul, parte do Sul do Brasil e possui ligações internacionais. Os policiais civis após essas investigações com o apoio do Ministério Público do RS representaram e obtiveram 1.368 (um mil trezentos e sessenta e oito) ordens judiciais no combate a maior organização criminosa do sul do Brasil e dos crimes de ocultação e integração de bens e valores praticados por esse grupo criminoso. Os Delegados Mario Souza e Gabriel Borges coordenam a execução da Operação Kraken, conforme divulgamos mais cedo e que deve provocar um prejuízo de mais de R$ 50 milhões na facção.

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👉O início da investigação

No final do ano de 2020, a 1ª Delegacia de Polícia de Sapucaia do Sul deu cumprimento a ações de lavagem de dinheiro na região metropolitana e capital. Com isso, logrou êxito no sequestro de aproximadamente 10 (dez) milhões de reais em bens móveis, imóveis e valores em contas bancárias de uma organização criminosa que tem seu berço na região do Vale dos Sinos do Rio Grande do Sul (municípios de São Leopoldo, Novo Hamburgo entre outros). A partir dessa investigação começou a investigação da Operação Kraken.

A investigação se concentrou nos crimes de lavagem e ocultação de bens e valores oriundos do tráfico de entorpecentes e alcançou 5 (cinco) lideranças do grupo criminoso, sendo indiciados pelo pertencimento à organização.

A partir do desdobramento das investigações, aprofundamento no sentido de encontrar o cerne da orcrim e, por meio da utilização de técnicas especiais de investigação, foi possível mapear o organograma, a base de atuação, os ramos de condutas delituosas praticadas e a logística dos membros.

Ao longo da investigação, no ano de 2021, a 1ª Delegacia de Polícia de Sapucaia do Sul prendeu 102 (cento e dois) integrantes da organização criminosa, que atuavam em diversos níveis de comando, desde o vapor, puxador de carro até alguns gerentes, além disso apreendeu mais de 10kg de entorpecentes e 11 (onze) armas de fogo.

Confira as primeiras informações sobre a ação: Polícia Civil realiza a maior operação da história, ofensiva mais de 1300 policiais deve provocar prejuízo de mais de R$ 50 milhões em facção que comanda o tráfico de drogas

👉A Operação Kraken

Com base em toda a investigação, nos elementos colhidos ao longo do ano e com o desdobramento das investigações anteriores, foi possível apurar e delimitar o envolvimento de 207 (duzentas e sete) pessoas suspeitas no contexto dessa organização que é considerada a maior organização criminosa do Sul do Brasil em atividade.

O trabalho investigativo policial apontou a participação de membros nas mais diversas camadas de hierarquia do grupo, tendo participantes funções importantíssimas no contexto, e outros sendo facilmente substituídos em caso de prisão. Dos mais de 200 membros ativos com os delitos praticados, a grande maioria deles foi identificado e com sua função específica delimitada.

👉 A organização criminosa

Um grupo criminoso com berço no Vale do Rio dos Sinos, com atuação sempre tipo empresarial e buscando o máximo lucro por meio de roubos, tráfico de drogas e armas. Com uma espécie de código interno, rede de apoio criminosa e uma espécie de banco criminoso. Atuam recrutando jovens para começar como vapor ou puxador de carro, até postos mais altos dentro da organização.

👉 Ramos de atuação da organização criminosa

A organização criminosa investigada possui caráter empresarial, atuando de forma regrada, discreta e sempre visando o lucro por meio da prática de infrações penais. Principalmente crimes patrimoniais, narcotráfico e tráfico de armas de fogo. Pode-se dizer que, segundo as investigações, todo o tipo de conduta ilícita capaz de gerar lucro é praticada pelos membros.

A investigação apurou que o grupo prática ampla e complexa lavagem de bens e valores oriundos dos feitos de tráfico de entorpecentes, comércio ilegal de armas de fogo, comércio ilegal de pedras preciosas, crimes patrimoniais (roubo, furto, extorsão, estelionato), crimes contra a fé pública (falsificação de documentos, falsidade ideológica, adulteração de sinal identificador de veículo automotor), comércio ilegal de camisetas e símbolos de órgãos e instituições públicas entre outras infrações penais.

👉  A lavagem de dinheiro

A lavagem de dinheiro é altamente sofisticada, com a aquisição de imóveis e automóveis de luxo na capital, região metropolitana e litoral do RS e SC, além de aquisições de empresas para conversão de valores, como empresas do ramo mobiliário, automotivo e de metais preciosos.

👉  Tráfico de armas de fogo

O tráfico de armas de fogo alcança armamentos de todos os tipos de calibres, inclusive metralhadores de calibre .50, armamento capaz de derrubar aeronaves.

👉  Tráfico de drogas

O tráfico ilícito de entorpecentes é o principal gerador de lucros do grupo, o qual controla a entrada da maior parte de drogas no estado, seja por rota terrestre, ou via aérea. A investigação comprovou que o grupo possuía pilotos de aeronaves que traziam diariamente dezenas de kg de drogas do exterior.

Aparato policial foi o maior da história do Rio Grande do Sul (Fotos PC/Divulgação)

👉Atuação das lideranças dentro e fora do sistema penitenciário

A investigação comprovou que a maior parte dos delitos cometidos pelo grupo tem determinação e coordenação de dentro do sistema penitenciário. As lideranças do grupo criminoso se encontram recolhidas em penitenciárias gaúchas e em penitenciária federal, mas seguem coordenando os crimes do grupo.

Foi possível constatar um esquema complexo de remessa de telefones celulares para o interior das penitenciárias com auxílios de drones, visando fornecer comunicação às lideranças. Também foi possível apurar o amplo cometimento de infrações penais de dentro do sistema penitenciário. Inclusive chamou atenção os sorteios e rifas.
Como até mesmo o sorteio por meio de rifas de armas de fogo no interior das penitenciários.

👉 Ligações nacionais

A investigação apurou que o grupo criminoso possui ligação com organizações criminosas com atuação em outros estados da federação, como Paraná, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul.

👉Ligações internacionais

Também foi possível constatar ligação com organizações criminosas internacionais. A investigação verificou contatos de membros com integrantes de Cartel de drogas Mexicano, na Bolívia e na Colômbia.

👉 Números da Operação Kraken

R$ 50 milhões (pelo menos) em bens e valores apreendidos

Cidades com ordens judiciais:

– Rio Grande do Sul

Canoas
Sapucaia do Sul
Porto Alegre
Esteio
Eldorado do Sul
Nova Santa Rita
Guaíba
Gravataí
São Leopoldo
Novo Hamburgo
Alvorada
Sapiranga
Parobé
Campo Bom
Igrejinha
Três Coroas
Rio Grande
Caxias do Sul
Passo Fundo
Ijuí
Santa Cruz do Sul
Charqueadas
Arroio dos Ratos
Venâncio Aires
Montenegro
Lajeado
Vera Cruz
Candelária
Cruz Alta
Capão da Canoa
Imbé
Xangrila
Frederico Wesphalen
São Gabriel

– Santa Catarina:

Balneário Camboriú
Tubarão

– Paraná
Maringá

– Mato Grosso do Sul:
Campo Grande
Ponta Porá

São cumpridas 1.368 (um mil trezentas e sessenta e oito) ordens judiciais, dentre técnicas especiais de investigação, destacam-se:

273 (duzentos e setenta e três) mandados de busca e apreensão;

66 (sessenta e seis) ordens judiciais de prisão;

13 casas prisionais serão objeto de busca e apreensão;

1 casa prisional federal será objeto de busca e apreensão;

38 (trinta e oito) sequestros de imóveis do crime;

102 (cento e dois) veículos com decretação de perdimento (incluindo carros de luxo: Maseratti, Audi, Cadillak e Camaro);

190 (cento e noventa) contas bancárias bloqueadas;

812 (oitocentas e doze) quebras de sigilo fiscal, bancário, tributário e bursátil.

👉  Os pontos destacados da investigação

O Diretor da 2ª Delegacia de Polícia Regional Metropolitana – 2ªDPRM, Delegado de Polícia Regional Mario Souza reitera: “A operação Kraken rompe paradigmas no que se tinha até o momento no combate ao crime organizado e à lavagem de dinheiro. Os reflexos desse trabalho certamente serão verificados por vários anos e as técnicas utilizadas servirão de base para trabalhos futuros.” Souza destaca que “foi um trabalho de repressão qualificada realizado para quebrar as finanças do crime organizado.” O Delegado Souza assinala que “é na parte financeira, no dinheiro onde o crime organizado sente mais o golpe do Estado.”

O comandante do Comando de Policiamento Metropolitano da Brigada Militar, Coronel Leandro Luz afirma que “Realizamos a maior operação policial no século 21, integrando todas as vinculadas da segurança pública do RS demonstrando força, integração e organização do estado, desmobilizando assim, o recurso ilegal adquirido através do crime.”

O Delegado Gabriel Borges destaca: “o resultado do trabalho de um ano e meio fala por si só. Esse é um grande golpe que o crime organizado sofreu no que tange a sua descapitalização e sufocamento financeiro.”

O Chefe de Polícia do estado do Rio Grande do Sul, Delegado Fábio Motta Lopes destaca que: “foi a maior operação da história da Polícia Civil e com foco exatamente na descapitalização do crime organizado.”

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