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Ainda servem nossas façanhas de modelo a toda a terra?

Ontem foi a data máxima da identidade gaúcha. Vimos em todos os rincões várias expressões de amor e orgulho em mostrar que somos gaúchos. Tivemos nas últimas décadas um crescente sentimento de mostrar que nosso estado estava à frente dos demais da federação em muitos aspectos. Porém com o passar do tempo cresceu nosso orgulho em falar disso mas paralelamente fomos perdendo essa condição. Basta olharmos para nosso vizinhos catarinenses e iremos perceber que nossa educação não é mais a mesma, que nossa economia definhou e mesmo nosso pujante agro-negócio já está perdendo mercados antes solidamente conquistados.
Estamos sendo vítimas de um sentimento que se não chega a ser de soberba, chega bem perto disso, posso nos deixa cegos e confiantes em um cenário que está desmoronando na nossa frente. Nem vou citar tudo o que o Jair Wingert abordou sabiamente em sua coluna da última segunda-feira, quando escancarou nossos problemas políticos e econômicos. Mas preciso ressaltar que a essa polarização, que começou com chimangos e maragatos e segue até hoje com coxinhas e petralhas atrapalha cada vez mais nossa evolução. E não se trata apenas da esfera estadual, na municipal e na federal o mesmo acontece.
Nosso sentimento de pertencer ao Rio Grande do Sul, de gostar de sua cultura e suas tradições precisam ser cultuadas e mantidas sempre. Mas precisamos aprender a sermos mais flexíveis e ter capacidade de empatia, de se colocar no lugar do outro para entender a situação. O gaúcho precisa evoluir e entender que aquele ser aguerrido e que precisa de um conflito para se afirmar está ultrapassado e que os novos tempos pedem pessoas que saibam identificar boas ideias e trazê-las para nossa realidade. É preciso deixar de se posicionar como extrema de um lado ou de outro e procurar um lugar que seja mais voltado à evolução, um elo entre as partes em conflito para avançar e não uma âncora que trava o avanço.
Santa Catarina conseguiu exemplarmente equilibrar sua economia, no litoral está o turismo, atraindo estrangeiros e brasileiros de outros estados entre eles muitos gaúchos. Grandes cidades desenvolveram suas indústrias dos mais diversos ramos de atuação e fazem com que Criciúma, Joinville, Blumenau e Brusque tenham economias sólidas. No oeste catarinense predomina o agro-negócio com grandes empresas em cidades como Concórdia e Chapecó.
Enquanto isso aqui no estado, a região metropolitana de Porto Alegre vive em pé de guerra com altos níveis de violência. A região norte que sempre teve força no agro-negócio sobrevive mas sem a mesma força de outros tempos. O sul do estado que poderia ter sua economia revitalizada com as obras no porto de Rio Grande foi fatalmente atingida pelo cancelamento do projeto. Em todas as regiões perdemos empresas para outros estados pela guerra fiscal que se criou com as diferentes alíquotas de ICMS. Antes que seja tarde demais está mais que na hora de nos perguntarmos: Ainda servem nossas façanhas de modelo a toda a terra?

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