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Acessibilidade: uma dívida que deve ser resgatada

De dez a doze por cento da população mundial (algo em torno de 700 a 800 milhões de pessoas) têm alguma deficiência física. Destas, perto de 90% vivem nos chamados países em desenvolvimento, e o mesmo percentual vale para os que estão em idade produtiva, mas vivem desempregados. Um novo relatório da Organização Mundial de Saúde (OMS) aponta que, no Brasil, a pessoa com deficiência física possui em média apenas 2,8 anos de escolaridade, comparado com 3,7 para pessoas sem deficiências. Para moradores urbanos, 62% das pessoas com deficiência têm grau de escolaridade fundamental completo, comparado com 84% para pessoas sem deficiência.

A legislação brasileira sobre o tema é excelente, mas não houve, nos últimos anos, efetivação dos direitos dessa parcela da população. Embora a fabricação de ônibus sem acessibilidade no país seja proibida desde 2008, há demora na renovação da frota e os equipamentos são subutilizados. Muitas vezes, falta a chave para acionar a estrutura que garante a cadeirantes o acesso em ônibus. Quando se tem a chave, o equipamento está quebrado, ou o motorista não sabe muito bem como usá-lo. Quando se consegue tudo isso, o ônibus está cheio, e as pessoas não têm paciência de esperar que o cadeirante suba, porque já demorou demais para encontrar tudo.

Em Campo Bom, por exemplo, por mais avanços e melhorias em termos estruturais que temos ao longo de quase seis décadas de emancipação, pouco, muito pouco temos em termos de acessibilidade. O próprio Palácio Municipal (Centro Administrativo Karl Heinz Kopittke) não dispõe corrimões na rampa de acesso que beneficiam os deficientes. Nossos passeios públicos (calçadas) a maioria (99,9%) não possui acesso às cadeiras de rodas. Nossa Biblioteca não possui dispositivos (computadores) que disponibilizem acessos aos deficientes visuais ou auditivos. No centro muito pouco existe que contemple os deficientes e nos bairros esta realidade é pior. Passeios públicos com problemas são uma ameaça aos deficiente visuais. Nosso município carece de um projeto amplo e que seja discutido com a sociedade organizada, mas, sobretudo com os portadores de deficiência. As cidades não só Campo Bom são projetadas para pessoas sem deficiência e isso é um grave problema que precisa ser reparado. Criando um projeto para acessibilidade e através da união das forças vivas do Pequeno Gigante podemos buscar recursos junto aos Ministérios Federais para implantar tais projetos e avanços que resultaram em melhoria na qualidade de vida de todos.
Jair Wingert

Jornalista – Reg. Prof. MTb/RS 10.366

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