A vida de campo-bonenses que trabalha na Ásia é normalmente difícil, devido a cultura diferente em muitos aspectos. Em tempos de pandemia a situação está ainda mais complicada pois diversos países estão em lockdown, ou seja, com todas as atividades fechadas e nem mesmo as essenciais abertas. Dois campo-bonenses estão em dificuldades na cidade de Yelagirihillis no sul da Índia. Ao lado de um morador de Sapiranga eles foram contratados por uma empresa chinesa de exportações para trabalhar em uma fábrica no local. Pelo contrato de trabalho ambos ficariam seis meses intercalados com período de férias, porém o surgimento do coronavírus mudou a vida deles.
Com a decretação do lockdown eles já estão há mais de 50 dias sem poder sair do pequeno hotel onde moram. Cristiano Kunst e Ariel Frohlich estão buscando via Governo Federal voltar para o Brasil, pois os vôos estão suspensos e não há previsão de quando poderão trabalhar. “O Governo aqui é muito rígido, ninguém pode sair na rua, senão apanha da polícia. Não fosse a empresa que trabalhamos estaríamos em sérias dificuldades.” disse Kunst que enviou o vídeo abaixo onde mostra a truculência com que a polícia trata quem é encontrado nas ruas da cidade.
Além do trio do Vale do Sinos há outros cerca de 100 brasileiros na mesma situação em cidades ao norte da Índia. Eles mantém um grupo de whatsapp onde trocam informações. Diariamente também falam com a embaixada brasileira na Índia, que não tem prazo para que o Governo Federal envie um avião para resgatar os brasileiros. Há cerca de 30 dias um primeiro vôo repatriou parte dos brasileiros que estão por lá mas não chegou ao conhecimento de muitos que seguem sem previsão de retorno até o final do lockdown.
Ariel e Cristiano estão isolados na Índia e aguardam pelo Governo federal para poder voltar ao Brasil (Foto: Arquivo pessoal)
A principal dificuldade é com a comida, pois quando haviam mercados abertos era possível encontrar em comprar alimentos. Agora com tudo fechado eles relatam que tem pouca comida e nenhum acesso a remédios. O principal temor é a necessidade de precisar contar com o sistema precário de saúde da Índia. “As farmácias estão abrindo somente por uma ou duas horas na madrugada quando a polícia não está nas ruas, se ficarmos doentes teremos problemas para adquirir medicamentos.” relata Cristiano. Ele relata que não fosse o apoio da empresa chinesa estariam em sérias dificuldades.
Confira no vídeo abaixo a ação truculenta da polícia local contra quem é encontrado na rua durante a pandemia: