Estamos vivendo um tempo paradoxal. Estamos altamente conectados e tão separados. Perto dos distantes e longe dos que estão perto. Tenho visto pais perdendo os filhos dentro de casa. Se faltar Internet, se faltar o wi-fi é o caos.
Porém, as mídias sociais estão trazendo um problema gravíssimo, que está passando desapercebido por muitos. Na internet todas as pessoas são felizes, maravilhosas, fazem viagens perfeitas e vivem sem problemas. Porém para a maioria dos adolescentes, essa mentira virtual é efetivamente verdade.
Tenho atendido jovens que falam: “parece que todo mundo é feliz, menos eu”, “a vida de todas as pessoas é emocionante, menos a minha”. Isso tem levado adolescente à depressão.
Nessa fase, pertencer ao grupo é de suma importância. E quando ele se vê como o único do grupo que não é feliz, o único que não tem uma vida emocionante, o desânimo chega como companhia constante.
E se a adolescência por si só já era um período de instabilidades quando não estávamos ultra conectados, imagine agora!
Como subproduto dessa depressão, vem a imensa vontade se expor, de mostrar que também é feliz e descolado. Alguns chegam a fazer montagens de fotos para parecer que estavam nesse ou naquele lugar. Fazem qualquer coisa para parecerem importantes e felizes. Mas o que acontece quando esse adolescente está só com ele mesmo? O “espelho” não deixa mentir e o acusa. E começa uma luta dentro dele. Luta entre o mal estar da mentira, a necessidade de ser verdadeiro e o desejo de ser especial. Essa é uma batalha difícil de vencer, porque todos temos dentro de nós o senso do correto. E com o adolescente não é diferente. Não se engane, eles sabem exatamente quando estão ou não estão agindo de forma honesta, coerente ou digna.
Aí mora o perigo. Se não se vê pertencendo ao grupo dos felizes e descolados, se ele não vê sua vida cheia de aventuras como a que ele pensa ser a de todos a sua volta, o motivo para viver se vai e ele se aprofunda na depressão e na vontade de não existir. O mundo da virtualidade deixa o adolescente vulnerável, pois são horas longe da realidade. É preciso tirar esse adolescente da frente do smartphone e dar a ele mais realidade. Na verdade, todos nós estamos precisamos disso! O adolescente precisa de horas na quadra de esportes, precisa de olho no olho, precisa de toque.
Além da depressão, o uso de drogas o álcool, o bullyng, os traumas emocionais, as brigas em família, a solidão da virtualidade tem aumentado muito o número de suicídio entre os adolescente. Pais, fiquem atentos porque, tanto o aumento da irritabilidade quanto a apatia, a tristeza, desejo constante de solidão, choro, perda de interesse pelas atividades do dia a dia, falta de sono ou sono em excesso, falta de apetite, entre outros são sintoma de depressão. É possível ver esses sintomas muito claramente. A mudança é visível.
O aumento de suicídio entre os adolescentes é assustador. Temos como pais, a obrigação de proteger nossos filhos. Mas somente identificar os sinais não é suficiente. É preciso buscar ajuda profissional para definir estratégias para fazer o adolescente parar de pensar em tirar a própria vida. Fortalecer os vínculos afetivos com a família e amigos reais é fundamental. Busque uma comunidade de fé como uma igreja, por exemplo. Isso pode ajudar nas relações interpessoais e aumentar o apoio ao adolescente.
E se você achar que não há ninguém que possa ajudar, busque o CVV (Centro de Valorização à Vida), que atente 24 horas pelo numero 141. Precisamos salvar nossos filhos!
Rosa Silva
Terapeuta em TFT e Palestrante
vidaplenatododia@gmail.com
