Continuando a falar sobre Setembro amarelo, é alarmante o número de pessoas que se suicidam no Brasil. Vidas que poderiam ser salvas com algumas atitudes simples.
O que mais impressiona é que o número de crianças suicidas está aumentando num ritmo aceleradíssimo. Em dez anos o número de crianças e pré-adolescentes que tiraram a própria vida cresceu 40%. Pais ficam atônitos ao descobrirem que um filho seu tentou, ou pior, conseguiu consumar o suicídio, mas no dia a dia não perceberam as dicas que esse filho deu de que estava seguindo nesse caminho terrível.
Estamos perdendo nossos filhos dentro de casa. Crianças têm sido hiperestimuladas, com responsabilidades demais. Além das obrigações com a escola, a criança tem ainda o inglês, o espanhol, o judô, o balé, o curso de informática, de artes, de música e por aí vai. Sem contar o tempo que ficam isolados dentro do quarto, sem que os pais nem sequer saibam o que estão fazendo e muito menos com quem estão se relacionando.
São crianças que, muitas vezes, não têm tempo para nada, amadurecem muito rápido, e iniciam na vida adulta precocemente. Penso que são cobranças demais para alguém com maturidade de menos. Criança precisa brincar, correr, cair, ter joelho ralado, sorrir, gargalhar, rolar na grama, ser criança.
O que pode acontecer é que entram então na adolescência com um vazio gigantesco. “A vida não tem sentido”, é o que a maioria das crianças que tentam suicídio respondem quando são questionadas dos porquês dessa tentativa tão cruel. Muitos tentam várias vezes sem que a família sequer perceba. Os pais, às vezes, estão preocupados com o próximo luxo a dar para o filho e não entendem que ele apenas quer companhia. São filhos órfãos de pais vivos.
As redes sociais também dão a sua contribuição para esses índices, porque quando todos exibem suas vidas pseudo-glamurosas, a criança se sente inferiorizada ao ver sua vida comum. Não possui maturidade para entender a diferença entre realidade e postagens das redes sociais. Além disso, amizade virtual nunca substituirá o abraço do pai e da mãe, o carinho do amigo, a brincadeira no chão do quarto. Menos dispositivos eletrônicos seria um bom começo.
É preciso estar atento aos sinais que a criança pode dar: uma tristeza constante ou mudanças bruscas no comportamento devem ser vistos como um sinal de alerta. A criança muitas vezes, ao ver os pais trabalharem tanto, lá no fundo, imaginam ser um fardo para eles. Portando se a criança está constantemente dizendo que não encontra saída para um problema, redobre a atenção. Normalmente essa é uma das frases mais frequentes entre os adolescente suicidas. A presença, o apoio e o carinho dos pais, sempre será o melhor antídoto para a depressão infantil.
Procure conversar com seu filho e perguntar qual a opinião dele sobre o assunto. Fique muito atento à resposta. Escute seu filho e procure ouvir as entrelinhas. Assim você terá oportunidade de descobrir o que ele ou seus amigos estão vivendo.
Rosa Silva
Terapeuta em TFT
rosasilva@vidaplenatododia.com.br