Já ouvi muitos pais dizerem que não aguentam seus filhos, que eles são inquietos demais ou, ainda, que não sabem mais o que fazer com eles.
Minha resposta é sempre a mesma: filhos são como computadores – quando a gente compra um, ele vem apenas com o básico.
A primeira coisa que eu preciso fazer é instalar os programas extras que desejo usar. E lembrar-me de que programas piratas normalmente estragam a máquina. Segundo, preciso instalar um bom antivírus porque vírus são uma constante dor de cabeça – o computador fica lento, abre janelas indesejadas, fica muito esquisito.
Normalmente, observamos atentamente o funcionamento de uma máquina que pode (e deve) ser trocada de vez em quando, mas, quanto aos filhos, que duram uma vida, não observamos cuidados mínimos.
A criança nasce uma máquina quase zerada, apenas com o sistema operacional básico, e muitos pais, desatentamente, vão instalando vírus após vírus. Depois, dizem “essa geração é terrível”. Mas não acredito que essa geração tenha nascido geneticamente muito diferente das anteriores e das que ainda virão. Aposto mesmo é que são os pais que vêm se transformando ao longo dos anos.
Vivemos atualmente uma geração de pais sem autoridade, e são raros os que estão atentos às verdadeiras necessidades dos filhos.
É fácil ver num shopping, crianças que mal saíram das fraldas “obrigando” seus pais a fazerem suas vontades. Exigem determinada roupa, sapato, brinquedo e ai de seus pais se não o fizerem.
Nossa geração tem muito mais bens de consumo e tecnologia do que as anteriores, contudo, parece ser mais infeliz. Vejam só. Nossos pais tinham medo do Velho do Saco, do Saci Pererê, da Mula Sem Cabeça e outros personagens da mitologia brasileira (você deve estar rindo se tem mais de 40 anos). Hoje encontramos crianças com síndrome do pânico, depressão, hiperatividade, medo de sequestro, vivendo prisioneiras dentro das próprias casas.
Infelizmente temos um grupo grande de pais omissos que querem “comprar” o amor dos filhos. Porém, as crianças falam com todos os amigos virtuais, mas não se comunicam com os pais. Pais que não sabem dar limites a seus filhos fazem as crianças serem órfãs de pais vivos.
Vejo homens que não exercem as funções de marido, pai e líder da família. Vejo mulheres que choram no travesseiro, exauridas pela jornada dupla ou tripla e que não podem contar com seus parceiros na jornada da criação dos filhos.
O que muitos pais não entendem é que a criação dos filhos é semelhante a atirar flechas. Quanto mais você tensiona a corda do arco, mais longe ela vai. A destreza do arqueiro faz com que ele coloque a tensão correta fazendo a flecha alcançar o alvo. A flecha não quebra com a tensão excessiva da corda, porém é essa tensão adequada que faz com ela atinja o objetivo. E quanto mais longe ele for, maior a tensão. A firmeza adequada na educação do seu filho é um elemento essencial para determinar o quão longe ele irá. Afinal, seu filho precisa ser preparado adequadamente para enfrentar a vida.
E como preparar nossos filhos para enfrentarem a vida? Bem, esse é um assunto para o nosso próximo encontro. Então, espero você aqui.
Rosa Silva
Terapeuta TFT e Palestrante
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